"...Geraldo estaciona o carro em frente à sua casa, junto a
Nóbrega, amigo solitário que convidara para jantar. Quando
passam pelo jardim que antecede à porta de entrada, num
gesto inusitado, Geraldo aproxima-se de um Ipê e além de o
abraçar, começa a dizer palavras que Nóbrega não consegue
ouvir. Após aproximadamente um minuto, toca os galhos da
árvore como a pendurar objetos invisíveis e Nóbrega,
contendo a curiosidade, prefere nada perguntar.
Agora junto aos filhos e Esposa parece outra pessoa,
sorridente e amoroso, deixando a impressão de quem teve
um dia 'Maravilhoso'.
Após o jantar, os dois amigos se dirigem à varanda da casa e
após conversarem na intimidade da boa amizade, sentindo-se
à vontade, Nóbrega pergunta ao amigo sobre o gesto
inusitado junto à árvore, que vivenciara na passagem pelo
jardim.
- Ah! Você se refere à árvore dos problemas? Pergunta
Geraldo.
- Acho que ...
- Resolvi que toda vez que chegar em casa trazendo os
problemas de toda ordem, pendura-los-ei na árvore dos
problemas! E desde que passei a fazê-lo, tenho sido outra
pessoa na convivência doméstica, assim como você
presenciou hoje. E sabe o mais curioso? Toda vez que saio
para o trabalho, passo na árvore para os pegar de volta e
muitos deles já não estão mais lá..."
Numa análise superficial, a narrativa acima parece ser o
roteiro perfeito para a paz no lar. Mas qual será o Geraldo
verdadeiro, o problemático do dia-a-dia ou alegre da vida
doméstica? Com quem será que ele desabafa dos seus
problemas? Com Nóbrega, o seu melhor amigo?
Com receio de não sermos amados pelo que somos,
escondendo nossa 'sombra', vivemos muitas vezes
personagens adequados às exigências de onde convivemos,
desconhecendo que PAZ, não é ausência de problemas e sim
um 'estado íntimo' de consciência tranqüila. Porque não
dialogar a respeito das nossas dificuldades, anseios, medos,
etc. com os nossos familiares? Porque não fazer deles os
'nossos melhores amigo(a)s'?
Não querendo que seus filhos 'sofram', muitos pais os
protegem exageradamente, fazendo com que eles mais tarde,
'sozinhos' frente aos problemas da vida, não saibam como
agir.
Dialogar profundamente com nossos entes queridos, falando
cada um dos seus sentimentos e anseios, é descobrir um
novo mundo de amizade, admiração e amor maravilhosos. É
desvendar o ser verdadeiro, não permitindo que sejam
projetadas e cobradas, atitudes e elevação que ainda não
temos. É sermos amados por aquilo que somos!
Como em nosso lar estamos mais próximos daquilo que
realmente somos, no sentido real da palavra, são os nossos
familiares os melhores conselheiros para nossa auto-
descoberta.
Vale refletir...