QUINTA:21/10/10
Em uma passagem evangélica, Jesus disse que quem
quisesse ir após Ele, deveria tomar sua cruz, renunciar a si
mesmo e segui-Lo.
Esse convite sinaliza que o processo de sublimação do
próprio ser é trabalhoso.
A conquista da dignidade espiritual pressupõe o abandono de
antigos vícios e a conquista de variadas virtudes.
Também implica a quitação de velhas contas, oriundas de
crimes cometidos contra as Leis celestes.
O Espírito em evolução precisa aprender a renunciar a seus
hábitos tristes e a suas concepções equivocadas de vida,
para se tornar puro e fraterno.
A vida lhe propicia todas as condições para que se erga rumo
ao seu destino glorioso.
As penosas injunções da existência material são uma
bênção.
No lento processo de vivenciar e se desiludir das coisas do
mundo, a alma passa a prestar atenção no que realmente
importa.
Compreende que a aparência física é muito transitória.
Que o dinheiro muda rapidamente de mãos.
Que a saúde oscila e se fragiliza com o passar dos anos.
Que os amores mais caros vão para longe ou desencarnam.
Lentamente, ela compreende a transitoriedade de tudo o que
a rodeia.
E entende que o primordial reside em seu íntimo.
Que a paz da consciência, fruto de um viver digno, é o que de
bom a acompanhará para sempre.
Esse processo é lento e doloroso.
Ele representa a cruz a ser levada.
Ocorre que, em um mundo amplamente materializado como a
Terra, todos sofrem.
Não há ninguém que deixe de adoecer ou de morrer.
Todos passam pela experiência da desencarnação de seres
amados.
Certamente não está a seguir o Cristo quem se revolta por
tudo e por nada.
Conclui-se que não basta levar a própria cruz.
É preciso levá-la com dignidade, talvez até com alguma
elegância.
Há quem espalhe pelo mundo o rancor por suas dores.
Com suas reclamações, inferniza a vida dos outros.
Acha que todos têm o dever de ajudá-lo e exige que o façam.
Porque enfrenta dificuldades, trata mal o semelhante.
Justifica seu comportamento infeliz com as dores que
vivencia.
Entretanto, todos sofrem, em maior ou menor grau.
Apenas alguns o fazem com mais elegância.
Têm o cuidado de não infelicitar o próximo e praticam a
caridade da paz.
Entendem que a cruz é deles, não da coletividade.
Quando necessário e possível, buscam e aceitam auxílio.
Mas sem imposições, reclamações ou rebeldia.
Assim, reflita que as injunções penosas de sua vida têm um
propósito superior.
Elas se destinam a promover sua pacificação interior e
efetivamente o fazem, se bem suportadas.
Mas de pouco adiantarão se você se desequilibrar e se tornar
causa de angústia na vida do semelhante.
Para que a experiência seja válida, é preciso vivê-la com
dignidade.